Era Outubro de 1985, exatamente 18 anos antes da promulgação da Lei 10.639, que trata da obrigatoriedade do ensino da história da cultura Afro-brasileira na educação básica, quando foi lançado o primeiro número do Jornal Êlemi, boletim informativo do Grupo Cultural Os Negrões, de Salvador/Bahia.
Nesta edição do Mais Imprensa Negra, vamos destacar a matéria assinada por Meire Ferreira de Andrade, intitulada “Seminário de Pedagogia Interétnica”. Conforme o jornal, o evento foi uma realização do Núcleo Cultural Afro-Brasileiro e aconteceu na Faculdade de Educação da UFBA. A matéria informa os “Quatro tópicos serviram de base para as discussões: — Elaboração de um currículo escolar baseado nos valores e na cultura dos grupos étnicos dominados. — Fundamentos da Pedagogia Interétnica (métodos, aspectos estruturais, procedimento metodológico, etc.). — A questão da Educação Indígena e da Educação do Negro. — As atitudes preconceituosas projetadas nos objetos culturais e nas relações interindividuais”.
O texto é fértil em abordagens sobre a atuação do Movimento Negro (MN) no campo da educação, sujeitos envolvidos, apoiadores, temáticas. Enfim, podemos ler muitas aspectos a partir desse Seminário, mas o que o NEGRITOS quer destacar neste momento, é o registro que a imprensa negra fez de um debate acerca da importância da introdução da história e cultura Afro-brasileira na educação básica já na década de 80. Quando falamos e fazemos uma retrospectiva da importância da Lei 10.639/2003 e de como ela é fruto de uma demanda do Movimento Negro, estamos nos referindo também a esses fóruns de debates que o MN fez desde muito tempo e que encontra nesse Seminário de 1986 uma boa mostra. Cabe também indicar a leitura do texto Pedagogia Interétnica, de Manoel de Almeida Cruz, integrante do Núcleo Cultural Afro-Brasileiro (Salvador-Bahia).
Esse é o convite do Mais Imprensa Negra/Negritos dessa semana. Boa leitura!
Pedagogia Interétnica. Disponível em http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1277/1278